quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A Rebelião de Lúcifer


Lúcifer era um brilhante Filho Lanonandeque primário de Nébadon. Ele havia experienciado o serviço em muitos sistemas, tinha sido um alto conselheiro do seu grupo e distinguiu-se pela sua sabedoria, sagacidade e eficiência. Lúcifer era o número 37 da sua ordem e, quando foi indicado pelos Melquisedeques, ele havia sido distinguido como uma das cem personalidades mais capazes e brilhantes entre mais de setecentos mil da sua espécie. Vindo de um começo tão magnífico, ele abraçou o pecado, por intermédio do mal e do erro, e agora está numerado como um dos três Soberanos de Sistemas em Nébadon que sucumbiram ao impulso do ego e se renderam aos sofismas da liberdade pessoal espúria – a rejeição da lealdade universal, a desconsideração pelas obrigações fraternais e a cegueira para as relações cósmicas.
No universo de Nébadon, domínio de Cristo Michael, há dez mil sistemas de mundos habitados. Em toda a história dos Filhos Lanonandeques, durante todo o trabalho deles em todos esses milhares de sistemas e na sede central do universo, apenas três Soberanos de Sistemas desrespeitaram o governo do Filho Criador.

1. OS LÍDERES DA REBELIÃO

Lúcifer não era um ser ascendente; ele era um Filho criado do universo local e dele foi dito: “Eras perfeito em todos os teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que a falta de retidão fosse encontrada em ti”. Muitas vezes, ele esteve em conselho com os Altíssimos de Edêntia. E Lúcifer reinou “sobre a montanha sagrada de Deus”, a montanha administrativa de Jerusém, pois era o dirigente executivo de um grande sistema de 607 mundos habitados.
Lúcifer era um ser magnífico, uma personalidade brilhante; ele estava ao lado dos Pais Altíssimos das constelações, na linha direta da autoridade no universo. Não obstante a transgressão de Lúcifer, as inteligências subordinadas abstiveram-se de demonstrar-lhe desrespeito e desdém, antes da auto-outorga de Michael em Urântia. Mesmo o arcanjo de Michael, na época da ressurreição de Moisés, “não fez contra ele um juízo de acusação, mas simplesmente disse: ‘que o Juiz te repreenda’”. O julgamento dessas questões pertence aos Anciães dos Dias, os governantes do superuniverso.
Lúcifer agora é o Soberano caído e deposto de Satânia. A auto-admiração é sumamente desastrosa, até mesmo para as elevadas personalidades do mundo celeste. De Lúcifer foi dito: “O teu coração enalteceu-se por causa da tua beleza; tu corrompeste a tua sabedoria em vista do teu esplendor”. O vosso profeta de outrora percebeu esse triste estado, quando escreveu: “Como caíste dos céus, ó Lúcifer, filho da manhã! Como foste abatido, tu que ousaste confundir os mundos!”
Quase nada foi ouvido sobre Lúcifer em Urântia, devido ao fato de que ele designou o seu primeiro assistente, Satã, para advogar a sua causa no vosso planeta. Satã era um membro do mesmo grupo de Lanonandeques primários, mas nunca havia funcionado como um Soberano de Sistema; e participou totalmente da insurreição de Lúcifer. O “diabo” não é nenhum outro senão Caligástia, o Príncipe Planetário deposto de Urântia e um Filho Lanonandeque da ordem secundária. Na época em que Michael esteve na carne em Urântia, Lúcifer, Satã e Caligástia aliaram-se para causar juntos o insucesso da sua missão de auto-outorga. Todavia, fracassaram visivelmente.
Abaddon era o dirigente do corpo de assistentes de Caligástia. Ele seguiu o seu chefe na rebelião e, desde então, tem atuado como chefe executivo dos rebeldes de Urântia. Belzebu foi o líder das criaturas intermediárias desleais que se aliaram às forças do traidor Caligástia.
O dragão afinal tornou-se a representação simbólica de todas essas personagens do mal. Com o triunfo de Michael, “Gabriel veio de Sálvington e acorrentou o dragão (todos os líderes rebeldes) por uma idade”. Dos rebeldes seráficos de Jerusém, está escrito: “E os anjos que não mantiveram o seu estado original e que deixaram a sua própria morada, ele os prendeu nas correntes seguras da obscuridade para o grande dia do julgamento”.

2. AS CAUSAS DA REBELIÃO

Lúcifer e o seu primeiro assistente, Satã, haviam reinado em Jerusém por mais de quinhentos mil anos, quando, nos seus corações, eles começaram a alinhar-se contra o Pai Universal e o Seu Filho, então vice-regente, Michael.
Não houve qualquer condição peculiar ou especial, no sistema de Satânia, que sugerisse ou favorecesse a rebelião. Acreditamos que a idéia teve origem e forma na mente de Lúcifer, e que ele poderia ter instigado tal rebelião, não importa onde ele estivesse servindo. Lúcifer primeiro anunciou os seus planos a Satã, mas foram necessários vários meses para corromper a mente do seu parceiro capaz e brilhante. Contudo, uma vez convertido às teorias rebeldes, ele tornou-se um defensor ousado e sincero da “afirmação de si e da liberdade”.
Ninguém jamais sugeriu a Lúcifer a rebelião. A idéia da auto-afirmação, em oposição à vontade de Michael e aos planos do Pai Universal, tal como representados por Michael, teve sua origem na própria mente de Lúcifer. As relações dele com o Filho Criador tinham sido estreitas e sempre cordiais. Em nenhum momento, antes da exaltação da sua própria mente, Lúcifer exprimira abertamente insatisfação com respeito à administração do universo. Não obstante o seu silêncio, por mais de cem anos do tempo-padrão, os Uniões dos Dias em Sálvington haviam informado, por refletividade, para Uversa, que nem tudo estava em paz na mente de Lúcifer. Essa informação foi também encaminhada ao Filho Criador e aos Pais da Constelação de Norlatiadeque.
Ao longo desse período, Lúcifer tornou-se cada vez mais crítico de todo o plano da administração do universo, no entanto, sempre professou lealdade sincera aos Governantes Supremos. A sua primeira deslealdade, manifestada abertamente, aconteceu por ocasião de uma visita de Gabriel a Jerusém, poucos dias antes da proclamação aberta da Declaração de Lúcifer pela Liberdade. Gabriel ficou muito impressionado, tão profundamente que teve a certeza da iminência de uma ruptura e foi a Edêntia, diretamente, para conferenciar com os Pais da Constelação sobre as medidas a serem tomadas no caso de uma rebelião declarada.
É muito difícil apontar uma causa, ou as causas exatas, que finalmente culminou na rebelião de Lúcifer. Estamos certos quanto a uma única coisa, e esta é: quaisquer que tenham sido as causas iniciais, elas tiveram a sua origem na mente de Lúcifer. Deve ter havido um orgulho do ego, por si mesmo nutrido, a ponto de levar Lúcifer a iludir a si próprio, de um modo tal que, durante um certo tempo, realmente ele se persuadiu de que a sua idéia rebelde era, de fato, para o bem do sistema, se não do universo. Quando os seus planos haviam já sido desenvolvidos, a ponto de levá-lo à desilusão, não há dúvida de que ele tinha ido longe demais, para que o seu orgulho original, gerador da desordem, lhe permitisse parar. Em algum ponto nessa experiência, ele tornou-se insincero, e o mal evoluiu para o pecado deliberado e voluntário. A prova de que isso aconteceu está na conduta subseqüente desse brilhante executivo. A ele foi oferecida, desde longa data, a oportunidade para o arrependimento; no entanto, apenas alguns dos seus subordinados aceitaram a misericórdia proferida. Os Fiéis dos Dias de Edêntia, a pedido dos Pais da Constelação, apresentaram pessoalmente o plano de Michael para a salvação desses rebeldes flagrantes, mas a misericórdia do Filho Criador foi sempre rejeitada, e rejeitada com um desprezo e um desdém sempre maiores.


3. O MANIFESTO DE LÚCIFER

Quaisquer que tenham sido as origens primeiras do desacerto nos corações de Lúcifer e de Satã, a explosão final tomou a forma da Declaração de Liberdade de Lúcifer. A causa dos rebeldes foi declarada em três pontos principais:
1. A realidade do Pai Universal. Lúcifer alegava que o Pai Universal não existia realmente, que a gravidade física e a energia do espaço eram inerentes ao universo e que o Pai era um mito, inventado pelos Filhos do Paraíso, para capacitá-los a manterem o governo dos universos em nome do Pai. Ele negava que a personalidade fosse uma dádiva do Pai Universal. E, até mesmo, sugeria que os finalitores estivessem em conspiração com os Filhos do Paraíso, para impor a fraude a toda a criação, posto que nunca voltavam trazendo uma idéia suficientemente clara da personalidade autêntica do Pai, tal como se pode discerni-la no Paraíso. Ele lidava com a reverência como uma ignorância. A acusação era radical, terrível e blasfema. Foi esse ataque velado contra os finalitores, sem dúvida, que influenciou os cidadãos ascendentes, então em Jerusém, levando-os a permanecerem firmes e a manterem-se constantes, resistindo a todas as propostas rebeldes.
2. O governo universal do Filho Criador – Michael. Lúcifer sustentava que os sistemas locais deveriam ser autônomos. Ele protestava contra o direito de Michael, o Filho Criador, de assumir a soberania de Nébadon, em nome de um Pai do Paraíso hipotético; e de exigir de todas as personalidades que reconhecessem lealdade a esse Pai nunca visível. Ele afirmava que todo o plano de adoração era um esquema sagaz para o engrandecimento dos Filhos do Paraíso. Ele estava disposto a reconhecer Michael como o seu Pai-Criador, mas não como seu Deus, nem como o seu governante de direito.
Lúcifer atacava, com muita amargura, o direito dos Anciães dos Dias – “potentados estrangeiros” – de interferir nos assuntos dos sistemas e universos locais. A esses governantes, ele denunciava-os como tiranos e usurpadores. E exortava os seus seguidores a acreditarem que nenhum desses governantes poderia fazer algo que interferisse na operação de conquista de um governo autônomo, desde que homens e anjos tivessem tão só a coragem para afirmar-se a si próprios e, com ousadia, reclamar os seus direitos.
Ele argumentava que os executores dos Anciães dos Dias poderiam ser impedidos de funcionar nos sistemas locais; bastava que os seres nativos afirmassem a sua independência. Ele sustentava que a imortalidade era inerente às personalidades do sistema, que a ressurreição era natural e automática e que todos os seres viveriam eternamente, não fossem os atos arbitrários e injustos dos executores dos Anciães dos Dias.
3. O ataque ao plano universal de aperfeiçoamento dos ascendentes mortais. Lúcifer sustentava que um tempo longo demais e uma energia excessiva eram despendidos no esquema de instruir e preparar tão cuidadosamente os mortais ascendentes, nos princípios da administração do universo, princípios estes que, alegava ele, serem sem ética e malsãos. Ele protestava contra o programa, com a duração de idades, de preparo dos mortais do espaço para algum destino desconhecido e apontava a presença do corpo de finalitores em Jerusém como prova de que esses mortais haviam despendido idades na preparação para algum destino que era pura ficção. Apontava, ridicularizando, que os finalitores haviam encontrado um destino não mais glorioso do que o de serem reenviados a esferas humildes, semelhantes àquelas da sua origem. Ele sugeria que os finalitores haviam sido corrompidos por excesso de disciplina e de um aperfeiçoamento prolongado, e que, na realidade, eles eram traidores dos seus companheiros mortais, pois que estavam agora cooperando com o esquema de escravização de toda a criação às ficções de um destino eterno mítico para os mortais ascendentes. Ele advogava que os seres ascendentes deveriam desfrutar da liberdade da autodeterminação individual. E desafiava e condenava todo o plano de ascensão mortal, tal como era fomentado pelos Filhos de Deus do Paraíso e mantido pelo Espírito Infinito.
E foi com tal Declaração de Liberdade que Lúcifer desencadeou a sua orgia de trevas e de morte.

4. A ECLOSÃO DA REBELIÃO

O manifesto de Lúcifer foi emitido no conclave anual de Satânia no mar de cristal, na presença das hostes reunidas de Jerusém, no último dia do ano, cerca de duzentos mil anos atrás, no tempo de Urântia. Satã proclamou que a adoração podia ser dedicada às forças universais – físicas, intelectuais e espirituais – mas que a lealdade poderia apenas ser dedicada ao governante atual e de fato, Lúcifer, o “amigo de homens e anjos” e o “Deus da liberdade”.
A auto-afirmação era o grito de batalha da rebelião de Lúcifer. Um dos seus argumentos principais era o de que, se o autogoverno era bom e justo para os Melquisedeques e outros grupos, seria igualmente bom para todas as ordens de inteligência. Ele era atrevido e persistente em advogar a “igualdade da mente” e “a irmandade da inteligência”. Sustentava que todo governo deveria ser limitado aos planetas locais e que deveria ser voluntária a confederação desses sistemas locais. Ele rejeitava qualquer outra supervisão. Ele prometeu aos Príncipes Planetários que eles governariam os mundos como executivos supremos. Condenava a concentração das atividades legislativas na sede central da constelação e a condução dos assuntos judiciais na capital do universo. Argumentava que todas essas funções do governo deveriam ser centradas nas capitais dos sistemas e começou a estabelecer a sua própria assembléia legislativa e organizou os seus próprios tribunais, sob a jurisdição de Satã. Depois mandou que os príncipes dos mundos apóstatas fizessem o mesmo.
Todo o gabinete administrativo de Lúcifer seguiu-o em um só bloco e prestou um juramento público na qualidade de oficiais da administração da nova direção dos “mundos e sistemas liberados”. Ainda que tenha havido anteriormente duas rebeliões em Nébadon, elas aconteceram em constelações distantes. Lúcifer afirmava que essas insurreições não tiveram êxito porque a maioria das inteligências não seguiu os seus líderes. Ele argumentava que a “maioria governa”, que “a mente é infalível”. A liberdade dada a ele pelos governantes do universo sustentou aparentemente muitas das suas opiniões nefandas. Ele desafiou todos os seus superiores; e, ainda assim, aparentemente, eles não deram atenção ao que ele fazia; e ele continuou livre para prosseguir no seu plano sedutor, sem empecilhos, nem entraves.
Lúcifer apontava todos os atrasos misericordiosos da justiça como evidência de incapacidade, da parte do governo dos Filhos do Paraíso, para conter a rebelião. Desafiava abertamente e, com arrogância, provocava Michael, Emanuel e os Anciães dos Dias; e então assinalava o fato de que nenhuma medida era tomada, como sendo uma evidência verdadeira da impotência dos governos do universo e do superuniverso.
Gabriel esteve pessoalmente presente durante o suceder de todos esses procedimentos desleais e apenas anunciou que iria, no devido tempo, falar por Michael, e que todos os seres seriam deixados livres e não seriam forçados nas suas decisões; que o “governo dos Filhos, em nome do Pai, desejava apenas a lealdade e a devoção voluntárias, de coração e à prova de sofismas”.
A Lúcifer foi permitido estabelecer totalmente e organizar cuidadosamente o seu governo rebelde, antes que Gabriel fizesse qualquer esforço para contestar o direito de secessão ou de contradizer a propaganda rebelde. Mas os Pais da Constelação, imediatamente, confinaram a ação dessas personalidades desleais ao sistema de Satânia. Esse período de demora, contudo, foi uma época de grande provação e de testes para os seres leais de todo o Satânia. Durante alguns anos, tudo ficou caótico e houve uma grande confusão nos mundos das mansões.

5. A NATUREZA DO CONFLITO

Quando estourou a rebelião de Satânia, Michael aconselhou-se com Emanuel, o seu irmão do Paraíso. Em seguida a essa importante conferência, Michael anunciou que seguiria a mesma política que havia caracterizado o tratamento que dera a levantes semelhantes no passado: uma atitude de não-interferência.
Na época dessa rebelião e das duas que a precederam, não havia nenhuma autoridade soberana absoluta e pessoal no universo de Nébadon. Michael governava por direito divino, como vice-regente do Pai Universal, mas não ainda pelo seu próprio direito pessoal. Ele não tinha completado a sua carreira de auto-outorgas; e ainda não havia sido investido com “todo o poder nos céus e na Terra”.
Desde o momento da eclosão da rebelião até o dia da sua entronização como governante soberano de Nébadon, Michael nunca interferiu nas forças rebeldes de Lúcifer; a elas foi permitido que tivessem um curso livre por quase duzentos mil anos do tempo de Urântia. Cristo Michael agora tem amplo poder e autoridade para lidar prontamente, e até mesmo sumariamente, com esses rompantes de deslealdade, mas duvidamos que essa autoridade soberana o levasse a agir diferentemente se outro desses levantes ocorresse.
Posto que Michael escolheu permanecer à margem da atividade da guerra, na rebelião de Lúcifer, Gabriel reuniu o seu corpo pessoal de assistentes em Edêntia e, em conselho com os Altíssimos, optou por assumir o comando das hostes leais de Satânia. Michael permaneceu em Sálvington, enquanto Gabriel rumou para Jerusém e, estabelecendo-se na esfera dedicada ao Pai – o mesmo Pai Universal cuja personalidade Lúcifer e Satã punham em dúvida –, na presença das hostes reunidas das personalidades leais, Gabriel içou a bandeira de Michael, o emblema material do governo da Trindade para toda a criação, os três círculos concêntricos na cor azul-celeste sobre um fundo branco.
O emblema de Lúcifer era uma bandeira branca com um círculo vermelho ao centro, e dentro do qual se inseria um círculo todo em negro.
“Houve guerra nos céus; o comandante de Michael e os seus anjos lutaram contra o dragão (Lúcifer, Satã e os príncipes apóstatas); e o dragão e os seus anjos rebeldes lutaram, mas não prevaleceram.” Essa ‘guerra nos céus” não foi uma batalha física, como um conflito dessa ordem poderia ser concebido em Urântia. Nos primeiros dias da luta, Lúcifer permaneceu continuamente no anfiteatro planetário. Gabriel conduziu uma interminável exposição dos sofismas rebeldes da sua sede central estabelecida nas cercanias. As várias personalidades presentes à esfera, e que estavam em dúvida quanto à própria atitude, iam e voltavam em meio a essas discussões, até que chegaram a uma decisão final.
Mas essa guerra nos céus foi muito terrível e muito real. Ainda que não tenha exibido as barbaridades tão características da guerra física dos mundos imaturos, esse conflito foi muito mais mortal; a vida material fica em perigo no combate material, mas a guerra nos céus foi travada em termos de vida eterna.

6. UM COMANDANTE SERÁFICO LEAL

Houve muitos atos nobres e inspiradores de devoção e lealdade, realizados por inúmeras personalidades, no período entre a explosão das hostilidades e a chegada do novo governante do sistema com o seu corpo de assistentes, mas o mais emocionante de todos os feitos audaciosos de devoção foi a conduta corajosa de Manótia, o segundo no comando da sede central dos serafins de Satânia.
No eclodir da rebelião em Jerusém, o chefe das hostes seráficas uniu-se à causa de Lúcifer. Isso, sem dúvida, explica por que um número tão grande da quarta ordem, a dos serafins administradores do sistema, transviou-se. O líder seráfico ficou espiritualmente cego pela personalidade brilhante de Lúcifer; os seus modos encantadores fascinaram as ordens inferiores de seres celestes. Eles simplesmente não podiam compreender como era possível que uma personalidade tão deslumbrante errasse.
Não há muito tempo, ao descrever as experiências ligadas ao começo da rebelião de Lúcifer, Manótia disse: “Mas o meu momento mais embriagante foi a aventura emocionante ligada à rebelião de Lúcifer, quando, como segundo comandante seráfico, eu me recusei a participar do projeto de insultar Michael; e os poderosos rebeldes procuraram destruir-me por intermédio das forças de ligação que haviam formado. Houve um tremendo levante em Jerusém, mas nenhum serafim leal sofreu danos.
"Quando aconteceu que o meu superior imediato entrou em falta, a responsabilidade de assumir o comando das hostes angélicas de Jerusém recaiu sobre mim, na qualidade de diretor titular dos confusos assuntos seráficos do sistema. Apoiado moralmente pelos Melquisedeques, assistido habilmente por uma maioria de Filhos Materiais, fui desertado por um enorme grupo da minha própria ordem; no entanto, tenho sido magnificamente apoiado pelos mortais ascendentes em Jerusém.
"Tendo sido automaticamente excluídos dos circuitos da constelação, por causa da secessão de Lúcifer, ficamos dependentes da lealdade do nosso corpo de informação, que, a partir do sistema vizinho de Rantúlia, transmitia os chamados de ajuda a Edêntia; e verificamos que o reino da ordem, o intelecto da lealdade e o espírito da verdade achavam-se inerentemente triunfantes sobre a rebelião, a afirmação do ego e a chamada liberdade pessoal; pudemos então prosseguir até a chegada do novo Soberano do Sistema, o digno sucessor de Lúcifer. Imediatamente depois, fui designado para o corpo de administradores provisórios Melquisedeques de Urântia. E eu assumi a jurisdição sobre as ordens seráficas leais, no mundo do traidor Caligástia, o qual havia proclamado a sua esfera como membro do recém-projetado sistema de ‘mundos liberados e de personalidades emancipadas’, proposto na infame Declaração de Liberdade, emitida por Lúcifer no seu apelo às ‘inteligências amantes da liberdade, do livre-pensamento e orientadas para o porvir dos mal administrados e mal governados mundos de Satânia’”.
Esse anjo, Manótia, ainda está a serviço em Urântia, na função de comandante associado dos serafins.

7. A HISTÓRIA DA REBELIÃO

A rebelião de Lúcifer teve como âmbito todo o sistema. Trinta e sete Príncipes Planetários em secessão levaram as administrações dos seus mundos para o lado dos líderes rebeldes. Apenas em Panóptia, o Príncipe Planetário fracassou ao tentar levar o seu povo com ele. Nesse mundo, sob a liderança dos Melquisedeques, o povo congregou-se em apoio a Michael. Elanora, uma jovem mulher daquele reino mortal, tomou a liderança das raças humanas nas próprias mãos e nem uma única alma daquele mundo transtornado alistou-se sob a bandeira de Lúcifer. E, desde então, esses leais Panoptianos têm servido no sétimo mundo de transição de Jerusém, como cuidadores e construtores na esfera do Pai e nos sete mundos de detenção que o circundam. Os Panoptianos além de atuar como custódios literais desses mundos, também executam as ordens pessoais de Michael ligadas à ornamentação dessas esferas para algum uso futuro desconhecido. Eles fazem esse trabalho enquanto permanecem ali, a caminho de Edêntia.
Ao longo desse período, Caligástia advogava a causa de Lúcifer, em Urântia. Os Melquisedeques opuseram-se habilmente ao Príncipe Planetário apóstata, mas os sofismas de uma liberdade sem limites e as ilusões da auto-afirmação tiveram todas as oportunidades para enganar os povos primitivos de um mundo jovem e sem desenvolvimento.
Toda a propaganda da secessão teve de ser feita por meio do esforço pessoal, porque o serviço de transmissão e todas as outras vias de comunicação interplanetária foram suspensos pela ação dos supervisores dos circuitos do sistema. No momento da eclosão da insurreição, todo o sistema de Satânia ficou isolado, tanto dos circuitos da constelação, quanto dos circuitos do universo. Durante esse tempo, todas as mensagens que chegavam e que saíam eram despachadas por agentes seráficos e Mensageiros Solitários. Os circuitos para os mundos caídos também foram cortados, de modo que Lúcifer não pudesse utilizar essa via para fomentar o seu esquema nefando. E esses circuitos não serão restaurados enquanto o rebelde supremo viver dentro dos confins de Satânia.
Essa foi uma rebelião Lanonandeque. As ordens mais elevadas de filiação do universo local não se ligaram à secessão de Lúcifer, se bem que uns poucos Portadores da Vida estacionados nos planetas rebeldes hajam sido um pouco influenciados pela rebelião dos príncipes desleais. Nenhum dos Filhos Trinitarizados transviou-se. Todos os Melquisedeques, os arcanjos e os Brilhantes Estrelas Vespertinos permaneceram leais a Michael e, com Gabriel, valentemente combateram pela vontade do Pai e pelo governo do Filho. Nenhum ser originário do Paraíso esteve envolvido em deslealdades. Junto com os Mensageiros Solitários, eles tomaram as sedes centrais do mundo do Espírito, as quais permaneceram sob a liderança dos Fiéis dos Dias de Edêntia. Nenhum dos conciliadores cometeu apostasia, nem um só dos Registradores Celestes transviou-se. Contudo houve grandes perdas entre os Companheiros Moronciais e os Educadores dos Mundos das Mansões.
Da ordem suprema dos serafins, nem um anjo foi perdido, mas um grupo considerável da próxima ordem, a superior, foi enganado e caiu na armadilha. Do mesmo modo, desviaram-se uns poucos da terceira ordem de anjos, a dos supervisores. O colapso mais terrível, contudo, produziu-se no quarto grupo, o dos anjos administradores, ou seja, o dos serafins que são designados normalmente para os deveres das capitais dos sistemas. Manótia salvou quase dois terços deles, mas um pouco mais que um terço seguiu os chefes, indo para as fileiras rebeldes. Um terço de todos os querubins de Jerusém, ligado aos anjos administradores, foi perdido junto com os seus serafins desleais.
Dos ajudantes planetários angélicos, designados para os Filhos Materiais, cerca de um terço foi enganado, e quase dez por cento dos ministros de transição caíram na armadilha. João viu isso simbolicamente quando escreveu sobre o grande dragão vermelho, dizendo: “E a sua cauda atraiu uma terça parte das estrelas do céu e jogou-as na obscuridade”.
A maior perda ocorreu nas fileiras angélicas, e a maior parte das ordens inferiores de inteligência envolveu-se na deslealdade. Dos 681 217 Filhos Materiais perdidos em Satânia, noventa e cinco por cento foram vítimas da rebelião de Lúcifer. Um grande número de criaturas intermediárias perdeu-se nos planetas individuais cujos Príncipes Planetários uniram-se à causa de Lúcifer.
Sob muitos aspectos, essa rebelião foi a de maior magnitude e a mais desastrosa de todas as ocorrências semelhantes, em Nébadon. Mais personalidades estiveram envolvidas nessa insurreição do que em ambas as outras. E foi para a sua eterna desonra que os emissários de Lúcifer e Satã não pouparam as escolas de educação infantil no planeta cultural finalitor, procurando corromper logo essas mentes em evolução, misericordiosamente salvas dos mundos evolucionários.
Os mortais ascendentes, mesmo sendo vulneráveis, resistiram aos sofismas da rebelião, com mais facilidade do que os espíritos menos elevados. Conquanto hajam caído, nos mundos mais baixos das mansões, muitos mortais que ainda não haviam alcançado a fusão final com os seus Ajustadores, ficou registrado, para a glória da sabedoria do esquema de ascensão, que nem um membro sequer, com cidadania ascendente em Satânia e residente em Jerusém, participou da rebelião de Lúcifer.
Hora após hora e dia após dia, as estações de transmissão de todo o Nébadon estavam repletas de observadores ansiosos, de todas as classes imagináveis de inteligências celestes, que examinavam avidamente os boletins da rebelião de Satânia e rejubilavam-se quando os relatos narravam continuamente sobre a lealdade inflexível dos mortais ascendentes, que, sob a liderança dos Melquisedeques, resistiram com êxito aos esforços combinados e prolongados de todas as forças sutis do mal, as quais tão rapidamente se haviam congregado em torno das bandeiras da secessão e do pecado.
Decorreram mais de dois anos, do tempo do sistema, desde o começo da “guerra nos céus” até a instalação do sucessor de Lúcifer. E afinal veio o novo soberano, aterrissando no mar de cristal com os seus assistentes. Eu estava entre as reservas mobilizadas, em Edêntia, por Gabriel; e bem me lembro da primeira mensagem de Lanaforge ao Pai da Constelação de Norlatiadeque. Dizia: “Não se perdeu um único cidadão de Jerusém. Todos os mortais ascendentes sobreviveram à dura prova e emergiram triunfantes e vitoriosos do teste crucial”. E uma mensagem chegou em Sálvington, em Uversa e no Paraíso, transmitindo a certeza de que a experiência de sobreviver, na ascensão mortal, é a maior proteção contra a rebelião e a salvaguarda mais segura contra o pecado. Esse nobre grupo somava exatamente 187 432 811 mortais fiéis.
Com a chegada de Lanaforge, os líderes rebeldes foram destronados e afastados de todos os poderes governantes, embora se lhes tenha sido permitido transitar livremente em Jerusém, nas esferas moronciais e mesmo nos mundos individuais habitados. Eles continuaram com os seus esforços sedutores e enganadores, confundindo e desorientando as mentes de homens e anjos. Mas, no que concernia ao seu trabalho no monte administrativo de Jerusém, “não houve mais lugar para eles”.
Embora Lúcifer haja sido despojado de toda autoridade administrativa em Satânia, não existia então, no universo local, nenhum poder, nem tribunal que pudesse deter ou destruir esse rebelde perverso; naquela época, Michael não era um governante soberano. Os Anciães dos Dias apoiaram os Pais da Constelação, na sua tomada do governo do sistema, mas eles nunca baixaram nenhuma medida subseqüente, nas muitas apelações, ainda pendentes, com respeito ao status atual e à sorte futura de Lúcifer, de Satã e dos seus parceiros.
Assim, pois, foi permitido a esses rebeldes supremos perambularem pelo sistema inteiro, a fim de buscar maior penetração para as suas doutrinas de descontentamento e de auto-afirmação. Todavia, durante quase duzentos mil anos do tempo de Urântia, eles não foram capazes de enganar nenhum outro mundo mais. Nenhum outro dos mundos de Satânia foi perdido, desde a queda dos trinta e sete, nem mesmo aqueles mundos mais jovens povoados desde os dias da rebelião.

8. O FILHO DO HOMEM EM URÂNTIA

Lúcifer e Satã perambularam livremente pelo sistema de Satânia, até que se completou a missão de auto-outorga de Michael em Urântia. Estiveram no vosso mundo juntos, e, pela última vez durante a época da investida combinada que praticaram contra o Filho do Homem.
Antes, quando os Príncipes Planetários, os “Filhos de Deus”, reuniam-se periodicamente, “Satã também se juntava a eles”, reivindicando ser ele que representava todos os mundos isolados dos Príncipes Planetários caídos. Contudo não lhe foi mais permitida essa liberdade em Jerusém, desde a auto-outorga terminal de Michael. Depois do esforço deles de corromper Michael quando encarnado em auto-outorga, toda a compaixão por Lúcifer e Satã esvaiu-se em toda a Satânia, isto é, fora dos mundos isolados em pecado.
A auto-outorga de Michael pôs fim à rebelião de Lúcifer, em toda a Satânia, com exceção dos planetas dos Príncipes Planetários apóstatas. E é este o significado, na experiência pessoal de Jesus, pouco antes da sua morte na carne, quando um dia ele exclamou para os seus discípulos: “E eu contemplo Satã caindo do céu como um raio”. Ele tinha vindo, com Lúcifer, até Urântia, para a última luta crucial.
O Filho do Homem estava confiante no êxito e sabia que o seu triunfo, no vosso mundo, estabeleceria para sempre o status desses inimigos de toda uma era, não apenas em Satânia, mas também nos outros dois sistemas, onde o pecado havia entrado. A sobrevivência, para os mortais, e a segurança, para os anjos, foram afirmadas quando o vosso Mestre, em resposta às propostas de Lúcifer, calmamente e com a certeza divina, respondeu: “Vai retro, Satã”. Esse foi, em princípio, o fim real da rebelião de Lúcifer. É bem verdade que os tribunais de Uversa ainda não emitiram a sentença executiva a respeito do apelo de Gabriel, suplicando pela destruição dos rebeldes, mas esse decreto irá, sem dúvida, ser emitido com o completar do tempo, pois que o primeiro passo na audiência desse caso já foi dado.
Caligástia foi reconhecido, pelo Filho do Homem, como sendo tecnicamente o Príncipe de Urântia, até perto da época da morte de Jesus. Disse Jesus: “Agora é o juízo deste mundo; agora o príncipe deste mundo será deposto”. E então, ainda mais perto de completar o trabalho da sua vida, ele anunciou: “O Príncipe deste mundo está julgado”. E é este mesmo Príncipe destronado e desacreditado que certa vez foi chamado de “Deus de Urântia”.
O último ato de Michael antes de deixar Urântia foi o de oferecer misericórdia a Caligástia e a Daligástia, mas eles desdenharam essa oferta afetuosa. Caligástia, o vosso Príncipe Planetário apóstata, ainda está em Urântia, livre para continuar os seus desígnios nefandos, mas não tem absolutamente nenhum poder para entrar nas mentes dos homens, nem pode aproximar-se das suas almas para tentá-las ou corrompê-las, a menos que elas realmente desejem ser amaldiçoadas pela sua presença perversa.
Antes da auto-outorga de Michael, esses governantes das trevas procuraram manter a sua autoridade em Urântia, e obstinadamente resistiram às personalidades celestes menores e subordinadas. Todavia, desde o dia de Pentecostes, esses traidores, Caligástia e seu igualmente desprezível parceiro, Daligástia, passaram a ser servis diante da majestade divina dos Ajustadores do Pensamento do Paraíso e diante do Espírito da Verdade protetor, o espírito de Michael que foi efusionado em toda a carne.
Mesmo assim, porém, nunca espírito caído algum teve o poder de invadir as mentes ou de acossar as almas dos filhos de Deus. Nem Satã, nem Caligástia não poderiam nunca tocar, nem se aproximar dos filhos de Deus pela fé; a fé é uma armadura eficaz contra o pecado e a iniqüidade. É verdade que: “Aquele que nasceu de Deus, guarda-se, e o maligno não toca nele”.
Em geral, quando se supõe que os mortais fracos e dissolutos estejam sob a influência de diabos e demônios, eles estão meramente sendo dominados pelas suas próprias tendências vis inerentes, sendo transviados pelas suas próprias propensões naturais. Ao diabo tem sido dada uma grande quantidade de crédito, por um mal que não pertence a ele. Caligástia tem sido relativamente impotente, desde a cruz de Cristo.

9. O STATUS ATUAL DA REBELIÃO

Nos primeiros dias da rebelião de Lúcifer, a salvação foi oferecida a todos os rebeldes, por Michael. A todos aqueles que dessem prova de arrependimento sincero, ele ofereceu o perdão, quando chegasse a alcançar a sua soberania completa no universo, e o restabelecimento em alguma forma de serviço no universo. Nenhum dos líderes aceitou essa oferta misericordiosa. Mas milhares de anjos e ordens inferiores de seres celestes, incluindo centenas de Filhos e Filhas Materiais, aceitaram a misericórdia proclamada pelos Panoptianos e lhes foi dada a reabilitação na época da ressurreição de Jesus, há cerca de mil e novecentos anos. Esses seres, desde então, foram transferidos para o mundo do Pai, em Jerusém, onde devem ser mantidos, tecnicamente, até as cortes de Uversa baixarem uma decisão sobre o caso de Gabriel versus Lúcifer. Contudo, ninguém duvida de que, quando o veredicto da aniquilação for emitido, essas personalidades arrependidas e salvas ficarão eximidas do decreto de extinção. Tais almas, em provação, trabalham agora com os Panoptianos na tarefa de cuidar do mundo do Pai.

O arquifarsante nunca mais esteve em Urântia, depois dos dias em que tentou desviar Michael do propósito de completar a auto-outorga e de estabelecer a si próprio, final e seguramente, como o governante irrestrito de Nébadon. Quando Michael tornou-se o soberano estabelecido do universo de Nébadon, Lúcifer foi levado em custódia pelos agentes dos Anciães dos Dias de Uversa e, desde então, tem estado prisioneiro, no satélite de número um, do grupo do Pai, nas esferas de transição de Jerusém. E, ali, os governantes de outros mundos e sistemas podem contemplar o fim do infiel Soberano de Satânia. Paulo sabia do status desses líderes rebeldes, depois da auto-outorga de Michael, pois escreveu sobre os chefes de Caligástia como as “hostes espirituais da maldade, nas regiões celestes”.
Michael, ao assumir a soberania suprema de Nébadon, solicitou aos Anciães dos Dias a autoridade para internar todas as personalidades que participaram da rebelião de Lúcifer, até serem emitidas as sentenças dos tribunais do superuniverso para o caso Gabriel versus Lúcifer, assentado nos registros da suprema corte de Uversa há quase duzentos mil anos, na medida de tempo adotada por vós. A respeito do grupo da capital do sistema, os Anciães dos Dias concederam o pedido de Michael, mas com uma única exceção: a Satã foi permitido fazer visitas periódicas aos príncipes apóstatas nos mundos caídos, até um outro Filho de Deus ser aceito por esses mundos apóstatas, ou até o tempo em que as cortes de Uversa comecem o julgamento do caso de Gabriel versus Lúcifer.
Satã podia vir a Urântia, porque vós não tínheis nenhum Filho de categoria com residência aqui – nem Príncipe Planetário, nem Filho Material. Machiventa Melquisedeque, desde então, foi proclamado Príncipe Planetário vice-regente de Urântia, e a abertura do caso Gabriel versus Lúcifer assinalou a inauguração de regimes planetários temporários, em todos os mundos isolados. É verdade que Satã visitou periodicamente Caligástia e outros dos príncipes caídos, exatamente até o momento da apresentação dessas revelações, quando aconteceu a primeira das audiências solicitadas por Gabriel para o aniquilamento dos líderes rebeldes. Satã, no entanto, está agora incondicionalmente detido nos mundos de prisão de Jerusém.
Desde a auto-outorga final de Michael, ninguém, em todo o Satânia, desejou ir aos mundos de prisão para ministrar aos rebeldes internados. E nenhum outro ser foi conquistado pela causa dos enganadores. Por mil e novecentos anos, tal status não sofreu alteração.
Nós não antecipamos uma eliminação das restrições atuais em Satânia, antes que os Anciães dos Dias hajam tomado uma decisão final sobre os líderes rebeldes. Os circuitos do sistema não serão reinstalados enquanto Lúcifer estiver vivo. Nesse meio tempo, ele está totalmente inativo.
A rebelião terminou em Jerusém. Ela cessa, nos mundos caídos, tão logo os Filhos divinos cheguem até eles. Acreditamos que todos os rebeldes que algum dia iriam aceitar a misericórdia já o fizeram. Aguardamos pela teletransmissão que, em um clarão de relâmpago, irá privar esses traidores da existência da sua personalidade. Antecipamos que o veredicto de Uversa, a ser anunciado nessa transmissão, indicará a ordem de execução que irá efetivar a aniquilação desses rebeldes aprisionados. E então vós ireis procurá-los nos lugares deles, mas eles não serão encontrados. “E aqueles que vos conhecem, entre os mundos, espantar-se-ão convosco; vós fostes um terror, mas nunca mais o sereis novamente”. E assim todos esses traidores indignos “serão como se nunca tivessem existido”. Todos aguardam o decreto de Uversa.
Contudo, durante idades, os sete mundos de prisão, de escuridão espiritual em Satânia, constituíram um solene aviso para todo o Nébadon, proclamando eloqüente e efetivamente a grande verdade “de que o caminho do transgressor é duro”; “pois dentro de cada pecado está oculta a semente da sua própria destruição”; e que “a recompensa do pecado é a morte”.

[Apresentado por Manovandet Melquisedeque, anteriormente vinculado à administração provisória de Urântia.]

Fonte: O Livro de Urantia - Documento 53

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